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Esponjas contra o aquecimento global

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Post  Diogo Nunes Thu Jun 05, 2008 5:09 pm

Cientistas americanos desenvolveram um novo material capaz de absorver o dióxido de carbono, o principal gás causador de efeito de estufa

A nova arma na luta contra o aquecimento global pode surgir sob a forma de esponjas que absorvem o dióxido de carbono. Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, concebeu um novo material que retém o principal gás causador do efeito de estufa, impedindo-o de poluir a atmosfera. O trabalho, publicado em Fevereiro na revista "Science", descreve um novo metal orgânico, em forma de microesponjas, que, no futuro, poderá ser usado para filtrar as moléculas de CO2 libertadas pelas indústrias poluentes, como as centrais eléctricas, e pelos escapes dos automóveis.
Baptizados ZIF, os novos poros cristalinos foram obtidos através da fusão de moléculas orgânicas com diversos tipos de metais, como o cobalto - que serve para a produção de superligas usadas em turbinas de gás de aviões, por exemplo - e o zinco, aplicado na protecção do aço ou do ferro contra a corrosão. Os investigadores recorreram a um método semelhante ao utilizado no desenvolvimento de medicamentos para criar 25 ZIF diferentes, com sensibilidades de absorção distintas. O mais eficaz revelou-se capaz de reter uma quantidade de CO2 83 vezes superior ao seu volume.
Para já, os cientistas apenas foram capazes de sintetizar pequenas quantidades dos novos materiais, mas estão convencidos de que será possível, num futuro próximo, produzi-los em grandes quantidades. Os filtros poderão, assim, ser utilizados para captar e armazenar o dióxido de carbono emitido por algumas indústrias e pelos escapes dos automóveis antes que atinja a atmosfera, combatendo assim a formação do efeito de estufa.
«Estamos optimistas que em um ou dois anos estes materiais estarão prontos para serem testados em centrais energéticas», revelou ao «Expresso» Rahul Banerjee, um dos elementos da equipa de cientistas. «Estes materiais também poderiam ser usados nos escapes dos automóveis para capturar o dióxido de carbono criado através da queima dos combustíveis», acrescentou. Estáveis e fáceis de manusear, os ZIF são capazes de suportar condições adversas, como temperaturas de 400ºC e a exposição a solventes como o benzeno e o metanol.
Quando as esponjas atingem a sua capacidade máxima, o dióxido de carbono acumulado nos minúsculos poros pode ser retirado através de uma descida de pressão e colocado num contentor que pode armazená-lo, por exemplo em grutas subterrâneas, para evitar a contaminação da atmosfera. Uma vez limpos, os ZIF podem ser reutilizados continuamente.
Com esta invenção, os investigadores da Universidade da Califórnia esperam contribuir para tornar a captação e armazenamento d e carbono - fundamental para minorar as alterações climáticas - mais simples. económica e amiga do ambiente do que é hoje. «Hoje em dia, o processo de captação das emissões de carbono numa central energética requer materiais tóxicos e representa cerca de 20 a 30% do gasto energético da unidade. Para além disso, armazenar todo o dióxido de carbono nas profundezas dos oceanos, que é o que todas as centrais energéticas fazem hoje, está a matar os recifes de coral e a vida marinha ao aumentar a acidez dos oceanos», explicou Banerjee.
Produzido pela respiração, pela decomposição das plantas e animais e pela combustão de materiais, o dióxido de carbono é o proncipal gás poluente produzido pelo Homem e é um dos responsáveis pelo aquecimento global.

Nelson Marques (in Única, Expresso, edição de 1 Março 2008)
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